Consumo consciente: a moda sustentável e soluções no mercado de luxo
A preocupação ecológica chegou de vez ao consumidor de moda. Cada vez mais preocupados com a origem das matérias-primas e com os processos de fabricação dos produtos, públicos da Geração Z e Millennials estão mais conscientes na hora de consumir.
Essa mudança de comportamento das últimas gerações tem criado novas demandas para o mercado, que busca se adaptar tornando a cadeia produtiva mais sustentável e atraente aos novos consumidores.
Stella McCartney é referência em moda com comprometimento sustentável
Nos últimos anos, muitas marcas foram criadas tendo a sustentabilidade e o slow fashion como seus pilares de fundação. Agora, até mesmo as grandes maisons buscam alternativas aos seus processos produtivos, em busca de uma moda mais ética e benéfica ao planeta.
No conglomerado de luxo Kering, que possui as marcas Gucci, Alexander McQueen, Stella McCartney, Saint Laurent e Balenciaga, quem comanda o Departamento de Sustentabilidade é a francesa Marie-Claire Daveu, que revolucionou a maneira de enxergar a moda sustentável.
Em seus 4 anos na Kering, ela foi responsável por erradicar o uso de PVC de 99,8% dos produtos do conglomerado, além de criar uma biblioteca têxtil com mais de 2000 tecidos provenientes de fontes sustentáveis, o Material Innovations Lab.
Ação da London College of Fashion, para chamar atenção ao lixo gerado pelo descarte de roupas e convidar os alunos à reciclagem.
Sustentabilidade no setor de luxo
Para Marie-Claire, o ponto chave para trabalhar a sustentabilidade dentro do mercado de luxo é introduzir o tópico dentro da estratégia de negócios de cada empresa, de maneira que ela tenha tanta importância dentro do negócio quanto as demais ações que o estruturam.
Hoje em dia, é impossível construir uma marca sem que se fale em valores éticos: para ela, dentro do setor de luxo as pessoas estão cada vez mais preocupadas com questões sociais e ambientais, além de estarem mais atentas sobre a origem dos materiais e os métodos de produção.
Buscando atingir consumidores mais jovens, a Kering desenvolveu, em parceria com a H&M, o projeto Worn Again, uma tecnologia de reciclagem global, que recolhe roupas e tecidos usados para processá-los quimicamente, transformando-os novamente em têxteis, que darão origem a roupas e acessórios.
O objetivo é criar uma cadeia de produção de ponta a ponta, um modelo circular onde as peças são produzidas eticamente, tendo o seu descarte planejado e pensado para o completo reaproveitamento.
Algumas roupas desenvolvidas pela iniciativa Worn Again
Em um relatório divulgado no começo da 2016, a Kering havia reduzido 11% das emissões de carbono e 19% do uso de água, além de contar com energia renovável em 24,5% dos seus processos e oferecer bolsas de estudo para alunos de moda que se comprometerem a desenvolver coleções de formatura com tecnologias sustentáveis.
Uma empresa deste porte com uma política de sustentabilidade tão séria demonstra que a indústria da moda está caminhando para um novo rumo e que os consumidores mais jovem exerceram uma grande influência nessa mudança de pensamento.
Backstage da Gucci: o couro de python utilizado nas marcas do conglomerado Kering vem de fontes certificadas e sustentáveis
