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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

As 8 coisas mais incríveis que vi no maior evento de varejo do mundo !


Em Janeiro de 2017 estive em NY para o maior evento de varejo do mundo, a NRF.
Foram muitas as novidades apresentadas no evento. As resumi em uma lista com as 8 inovações mais incríveis na minha opinião.
As prateleiras infinitas (cauda longa) permitidas pelos grandes marketplaces foi a grande revolução da última década.
A análise dos dados e capacidade de aprendizado/insights para aplicação no varejo serão as revoluções da próxima década.
Além disso, as marcas vencedoras não serão as que fingem serem perfeitas e sim aquelas que são 100% honestas e transparentes com seus consumidores.
Além disso, no caso a caso inclui os breaks “O que fazemos na Reserva” para contar sobre o que de parecido com as inovações listadas fazemos por aqui.
Vamos lá!

1. O mapa da mina do Eataly.
Na entrada do Eataly (Eataly.com) de Nova York eles colocam com o mapa da mina de seu pão, literalmente. Mapa com nomes e regiões onde estão seus parceiros em todo o mundo.
Infelizmente boa parte dos empresários teriam medo de fazer isso. Medo de que seus concorrentes vejam e “roubem” seus fornecedores.
O Eataly é um puta negócio legal e inteligente. Eles sabem que quando nossa relação com os fornecedores é verdadeiramente justa, os parceiros crescem e mais eficientes se tornam. Consequentemente será melhor para todos.

E para você que acordou do ano de 1950 agora: neste mundão no qual vivemos quem quiser descobrir o seu fornecedor descobrirá de qualquer maneira meu caro(a).
A transparência na cadeia de fornecimento de um negócio gera valor para todos; para o consumidor que ficará feliz de comprar de um fornecedor bacana,  para o fornecedor que terá seu trampo divulgado e assim ganhará mais clientes e para você que está entre eles dois.
[O que fazemos na Reserva]
Através do projeto QUEM FAZ nosso time roda o Brasil fotografando e registrando as lindas histórias de nossos parceiros fornecedores para divulgação mensal em nossas mídias sociais. (Importante contar que nosso fornecimento é prioritariamente brasileiro, para que aqui geremos empregos e renda). Veja aqui e aqui.
2. A Samsung acordou tarde, mas acordou.
A Samsung acordou tarde, mas acordou forte! Montou sua primeira loja experiência no bairro do Chelsea e nela criaram ambientes de uma casa: sala, quarto e cozinha. Tudo para que experimentemos seus produtos como na vida real.

Na cozinha por exemplo:
As novas geladeiras possuem cameras internas que observam os produtos e fazem pedidos quando estão terminando. Além disso, se conectam na internet e nos eletrônicos da casa, para que assistamos na cozinha o filme ou música que começamos na sala ou quarto.

A loja possui ainda uma estação de rádio online com lineup incrível de DJs. O som que é feito lá toca ao mesmo tempo nas lojas do mundo todo. A rádio é integrada a um mega telão de 5 metros de altura onde projeções visuais se alternam no ritmo da música.

Importantíssimo: a Samsung ainda nos ensina que nem tudo deve ser virtual. O departamento de marketing da companhia ocupa um andar inteiro da loja. Não se pode vender algo para quem apenas se observa da janela, tem que se conviver com os clientes para que verdadeiramente os entendamos.
P.S: Eles não vendem nada lá, só te viciam no produto para que depois você compre na internet.

3. Brooklin Kitchen, uma AULA sobre como deveríamos focar em nosso propósito.
A Brooklin Kitchen é uma mercearia de comunidade situada no bairro do Brooklin. Harry Rosenblun, seu fundador, nos recebeu e contou sua história.
Ele nos deu uma aula. Aula-exemplo de que a alma do negócio deve ser a nossa própria alma.

Harry Rosenblun montou o negócio com o objetivo de descobrir novos e bons produtores de alimentos. Gente que tivesse excelentes produtos, mas que ainda não tivesse escala para vendê-los para grandes supermercados. Para melhor explicar esses produtos ele teve a genial idéia de montar um curso de culinária num grande espaço dentro da loja. 10 mil pessoas passam pelos cursos por mês.

O Harry Rosenblun não é varejista.
Haveria um evento a noite, e, portanto, enquanto ele contava sua história seu staff cortava queijos ao nosso lado.  Ele não nos ofereceu sequer um pedaço de queijo e nem muito menos um cupom para comprar com desconto caso gostássemos.
Ele ignora a recente chegada da WholeFoods ao bairro. Disse não se importar que muitas vezes observa ex-clientes passarem na frente de sua loja com sacolas da Wholefoods.
A loja estava muito desarrumada enquanto a sala de aula estava organizadíssima e limpa.

O Harry Rosenblun é professor:
Ele nos contou que escolheu o endereço para sua mercearia porque dentro havia aquele espaço, perfeito para uma sala de aula.
Ele falou algumas vezes que a sua mercearia ganhou muitos premios de melhor curso gastronômico da cidade.
Ele não cobra pelos cursos que dá. As turmas já estão lotadas pelas próximas 12 semanas.

O gabarito:
O propósito do Harry Rosenblun mora na educação sobre como todos deveríamos enxergar e comer a comida. Ele é apaixonado pela pesquisa por novos e sustentáveis fornecedores e por ensinar aos consumidores novas formas de preparo daquelas iguarias. Harry Rosenblun claramente odeia o varejo, mas parece ainda não saber disso.

Eu se fosse ele, transferiria a minha escola para dentro do WholeFoods vizinho a ele e me tornaria consultor dos caras para pesquisa de novas e interessantes marcas.

Dentro do Wholefoods as aulas poderiam continuar sendo de graça e continuariam a servir ao propósito de educar as pessoas na relação com novos e bons produtos.

O propósito de um negócio não é algo que nasce pronto. Entender o seu é uma dádiva para pouquíssimos. Normalmente ele emerge do próprio negócio, e, por isso, ao meu ver, apesar de absolutamente genial, Harry Rosenblun está dando mole.
4. A Converse é sua:
Eu acho a Converse sinistra big time.
Os caras foram comprados pela Nike já tem um tempinho e não saíram por aí tirando onda.
Muito pelo contrário, ficaram quietinhos mamando na teta da tecnologia dos reis do Oregon, e, pouquinho a pouquinho vão mostrando suas novas garras.

Rola uma revolução DIY (Do It Yourself) no porão da loja da Broadway.
Num espaço enorme você pode não apenas escolher materiais e cores para solas, cadarços e ilhoses como também trazer uma estampa desenhada por você para ser impressa no seu tênis.

Em 3 semanas eles entregam na sua casa ou você vem buscar na loja.
It’s up to you, bro!
[O que fazemos na Reserva]
Na Reserva nossos clientes podem desenhar suas próprias camisetas.
Através do site da Reserva eles tem acesso ao nosso software de edição de imagem e podem desenhar ou incluir fotos de suas mídias sociais em suas camisetas.
São milhares de designers amadores e profissionais que hoje usam a nossa tecnologia para produções de 1-1000 camisetas. Inclusive algumas pequenas marcas compram de nós para revenda.
5. Eu tenho raiva da Patagônia. 
Como uma marca pode ser tão completa?

Como uma companhia consegue amarrar tão fortemente seus valores em absolutamente todos os aspectos que envolvem a marca?

Que a Patagônia doa 1% do seu faturamento ou 10% do seu lucro (o que for maior) para projetos de preservação ambiental, eu já sabia. Que a Patagônia divulga todos os seus fornecedores em seu site, eu já sabia. Que a Patagônia conserta suas roupas usadas da marca, eu também já sabia.
Entretanto, sempre que venho aos Estados Unidos, o danadinho do Yvon Chouniard (o coroa mais pica da moda mundial na minha opinião e fundador da marca) dá um jeitinho de me deixar com raiva por não ter pensado em algo antes dele.

Na porta de cada loja eles agora colocam um display contando a história daquela comunidade onde a loja foi construída. Além disso, eles reaproveitam matéria-prima de outras obras que iriam para o lixo.

No caso da loja da Greene St no Soho, ele construíram a mesa do caixa com o mármore que iria para o lixo após a reforma do Museu de Arte Moderna de NYC, o MOMA.
Eu não só tenho raiva da Patagônia como eu copio descaradamente suas idéias para a Reserva. Tenho certeza de que Yvon não só sabe como fica feliz com isso. Passar o bem a diante é também fazer o bem.
6. O varejo virtual nascerá agora.
Na de terça-feira, 16 de Janeiro, Brian Krzanich, CEO da Intel, apresentou ao mundo sua solução de varejo em realidade virtual.
Isso mesmo: Você veste um óculos e, pá, está dentro de uma loja ! Você veste uma luva para pegar e colocar coisas na sacola e, pum, venda feita e o produto é enviado para a sua casa.
Se a moda pega, e tudo indica que pegará, no futuro próximo não precisaremos de enormes lojas e sim apenas de um pequeno espaço e um óculos de VR para vestir no cliente. Os shoppings que se cuidem…
Fiz uma foto do meu celular, desculpem-me pela baixa qualidade, como fotógrafo sou um excelente varejista 🙂 !
[O que fazemos na Reserva]
Para o lançamento do nosso 1p5p, projeto que doa 5 refeições para cada peça de roupa vendida, nós fizemos um vídeo em realidade virtual exibido em um óculos especial, para que, dentro de nossas lojas, nossos clientes pudessem viver a experiência de dar um prato de comida para quem tem fome. 
7. O bem sempre vence.
Para abrir a NRF chamaram o Greg Foran, CEO da Walmart US, o Terry Lundgren, CEO da Macy’s e o para mim até então desconhecido James Rhee, CEO da Ashley Stewart. Todos em uma mesa redonda.

O objetivo era que falassem sobre como estão contratando e treinando suas forças de vendas. Obviamente deixaram a Ashley Stewart para o fim. As duas potências americanas falaram sobre como montar “exércitos”, sobre como trazer mentes de tecnologia para o varejo e sobre como “vender” mais para o consumidor da nova era.

E então passaram a palavra para o simpático James Rhee. Era o começo da NRF, mas ali o evento já poderia terminar porque o japinha quebrou a porra toda.
Apresentou a Ashley Stewart, rede varejista com foco em mulheres afro descendentes acima do peso, e, em seguida, pediu para colocarem no telão uma foto. Na foto James aparecia dentro de uma loja da Macy’s abraçado com uma vendedora. Explicou que foi lá no dia anterior comprar uma gravata e que disse aos funcionários que faria uma palestra junto com o CEO da Macys. Contou detalhes sobre a vida daquelas pessoas para o CEO da Macy’s e completou dizendo que o varejo vencedor é aquele no qual olhamos nos olhos de pessoas que amam o que fazem muito mais do que aquele no qual compramos produtos de pessoas que se consideram superiores. Era isso que ele fazia para recrutar pessoas: olhar em seus olhos e perguntar sobre suas vidas e sonhos.

Também contou que na AS eles não possuem meta de vendas e sim meta de fidelização, porque quanto mais suas clientes quiserem voltar na loja porque gostam das pessoas que lá trabalham maior será a venda.

E então o mediador fez uma última pergunta aos entrevistados: Que característica você citaria como sendo a mais importante que uma empresa deve possuir para atrais talentos?

Mais uma vez Walmart e Macy’s falaram de planos de remuneração, lógicas complexas de treinamento, planos de carreira e etc. James, novamente por último, suspirou e respondeu:
“Transparência. As nossas pessoas não esperam que sejamos perfeitos e sim que sejamos honestos com relação ao que se passa na empresa e consistentes com relação ao nosso propósito.”
Ok, óclinhos da zoeira para James Rhee.
[O que fazemos na Reserva]
Foram algumas percepções que tivemos quando chegamos no varejo de moda:
• Vendedor(a) no Brasil tem vergonha de ser vendedor(a). Um absurdo !! Aqui se “está vendedor” e não se “é vendedor”.
• Na moda o estilista é tido quase como uma entidade divina, capaz de prever tudo o que o cliente da marca irá comprar sem que para isso ao menos converse com ele.
• A vantagem de sermos outsiders é que não temos nenhum pré-conceito, e, por isso, pudemos subverter todas as “regras” nas quais não acreditávamos.
• Na Reserva o vendedor está no topo da pirâmide hierárquica.
• É ele quem está em contato direto com nossos consumidores, e, por isso, são a eles a quem primeiro devemos escutar sempre. E, por isso:
•Hoje gastamos três vezes mais em marketing para dentro do que para fora da Cia.
• Quanto mais reforçamos nossos valores e investimos em nossas pessoas mais elas entendem propósito de vida naquilo que fazem, e, por consequência, venderão mais.
• Não faz sentido algum investir uma fortuna para divulgar a marca se as pessoas que para ela trabalham não a conhecem num nível alto de intimidade.
• Na Reserva não gastamos dinheiro com anúncios em jornais e revistas, mas fechamos o Maracanã para comunicar coleções e entregar troféus para nossos times no meio do estádio. Veja aqui.
• Na Reserva quando um funcionário faz bem para outro funcionário de um departamento diferente do dele nós realizamos sonhos que listam assim que começam a trabalhar aqui. Veja aqui.
• Na Reserva a maior premiação em dinheiro não é dada para aquele funcionário que mais vende e sim para aquele que entrega a melhor história de encantamento. Saiba mais aqui.
• E o salário?! Nossos times de vendas recebem até 2 x mais do que a média de mercado.
8. Impressora 3D de roupas. 
A indústria do vestuário é responsável por boa parte das milhões de toneladas de lixo não biodegradável que todos os dias enchem os aterros sanitários do mundo.

Isto acontece principalmente porque as marcas de fast fashion precisam atualizar seus estoques com coleções novas o tempo todo e tenham que se desfazer de seus estoques antigos num ciclo de tempo a cada vez mais curto.

Imagine um dia em que você entrará numa loja, escolherá o que deseja e experimentará a peça de roupa do mostruário, mas se você resolver comprá-la ela será feita sob medida por uma máquina em poucos minutos para você.

É “simples”: Você entrará num scanner para tirar medidas e uma impressora 3d têxtil se encarregará da produção. Ficção científica? Jetsons? Nananinanão … Tecnologia japonesa e já em produção.
Muito mais do que a beleza da tecnologia em si a real beleza mora na revolução de impacto sócio-ambiental positivo que o seu uso em escala traria para o mundo. Veja o vídeo aqui!

http://revista.usereserva.com/2017/01/24/as-8-coisas-mais-incriveis-que-vi-no-maior-evento-de-varejo-do-mundo/