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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Mercado árabe atrai a indústria de moda praia

Há quase dez anos, quando participou da primeira feira de moda em Dubai, a empresária Adriana Degreas, dona da grife de moda praia de luxo que leva seu nome, não tinha ideia de quanto suas coleções fariam sucesso por lá algum tempo depois, principalmente nos mercados da Arábia Saudita e Emirados Árabes.
"Nosso maior desafio era entender o comportamento de consumo e a cultura de cada país, para adaptar cada coleção", lembra. "Aos poucos constatamos que a escolha correta da estampa, uma modelagem mais comportada, pouca ou nenhuma transparência, era o caminho a ser seguido." A receita vingou não só no Oriente Médio, mas em mais de 65 multimarcas em que a grife está presente, no exterior, além da loja própria em Miami e dos showrooms em Nova Iorque e Londres. No ano passado, as exportações somaram US$ 1 milhão e a expectativa é de um crescimento de 20% em 2017.
Com biquínis vendidos em torno de US$ 280 e maiôs a US$ 340, Adriana Degreas não é a única fabricante de moda praia luxo a apostar no mercado do Oriente Médio. Fazem sucesso por lá etiquetas como Blue Man, Lenny Niemeyer, Isolda, entre outras.
No ano passado, as exportações brasileiras do setor atingiram US$ 10,8 milhões, contra US$ 9,6 milhões em 2015
Embora os principais destinos sejam Estados Unidos (US$ 4,3 milhões), Portugal (US$ 1,3 milhão) e França (US$ 886 mil), o Oriente Médio foi o endereço de cerca de 9% das exportações nacionais em 2016, segundo o IEMI Inteligência de Mercado - em 2012 a fatia era de 6,5%.
De acordo com Lilian Kaddissi, gerente executiva do Programa de Internacionalização Têxtil e de Moda Brasileira, o Texbrasil, realizado pela Abit e Apex-Brasil, o mercado árabe é de grande importância para o Brasil, embora tenha peculiaridades. "A moda brasileira conquista o consumidor árabe quando apresenta um produto único, inspirado na nossa cultura e caracterizado por conceitos de sustentabilidade e criatividade", afirma Lilian. 
"Trabalhos artesanais, estampas exclusivas e cores fortes reforçam a imagem do Brasil como um país que produz moda com alto valor agregado".
Explorar o mercado por esta via ajuda as marcas brasileiras a fugir da concorrência com as grifes europeias, com bastante tradição na região, e também das asiáticas, que têm preços menores.
Foi justamente um olhar mais globalizado e antenado com as tendências da moda que surpreendeu as empresárias Juliana Ferreira e Maya Pope, donas da Isolda, grife de moda praia luxo. 
"As mulheres árabes apreciam cores, estampas vibrantes, as temáticas bem brasileiras, como a Tropicália, que marcou uma de nossas últimos coleções, traços que fazem parte do DNA da marca", afirma Juliana.
"Tomamos o cuidado de selecionar os pontos de venda para expor a marca, optando pelos mais exclusivos, sofisticados e cool", diz. Hoje, os mercados da Arábia Saudita, Kwait, Emirados Árabes Unidos e Israel respondem por 20% das exportações, um crescimento de 40% em relação a 2015, em razão da abertura de novos pontos de venda naquela região. Criada em 2011, quando uma das sócias morava em Londres, a Isolda primeiro fez nome no mercado externo para depois conquistar a consumidora brasileira.
Em relação a produtos têxteis de forma geral, o mundo árabe importa pouco do Brasil. Os países do Golfo Árabe e Norte da África receberam US$ 7,3 milhões em produtos têxteis e de confecções brasileiros de janeiro a junho de 2016, diante de uma exportação geral do setor de US$ 490 milhões do setor. Mas, enquanto as vendas externas do segmento como um todo caíram 9,1%, a exportação para a região cresceu 17% sobre o mesmo período de 2015.
"Fomos uma das primeiras marcas a desembarcar por lá, há mais de dez anos, começando pela Arábia Saudita, depois Dubai e Líbano. São mercados muito atraentes", diz Flávia Leal, diretora de marketing da carioca Lenny Niemeyer. "A aceitação das nossas coleções é muito boa; as resistências culturais lá são menores que as do que no mercado chinês, por exemplo".
Fonte Internet: Valor Econômico (30/01/17)