O Maior Mercado da Moda em 2019
- A China será o mercado que irá crescer mais rapidamente no mundo da moda e o seu papel nas trocas comerciais deverá evoluir, segundo o relatório The State of Fashion 2018. O estudo prevê ainda que, em 2019, o crescimento global da indústria da moda desacelere.
5 Dez, 2018
Pela primeira vez em séculos, a China irá ultrapassar os EUA, tornando-se o maior mercado da moda, em 2019, de acordo com um novo relatório publicado pela BoF e pela McKinsey & Company, que revela igualmente quais são 10 principais tendências que irão moldar a indústria da moda durante o próximo ano.
Segundo o The State of Fashion 2018, de modo geral, o crescimento da indústria da moda irá abrandar entre os 3,5% e os 4,5% em 2019, ligeiramente abaixo das estimativas de 4% e 5% para 2018, quando a indústria da moda estava a emergir de um período relativamente débil. Dando continuidade à tendência dos últimos anos, atores emergentes da Europa e da Ásia-Pacífico vão liderar o rumo da moda no próximo ano. No entanto, a região Ásia-Pacífico irá provavelmente dar continuidade à sua forte performance em 2019, enquanto a Europa irá desacelerar ligeiramente em relação a 2018. Também a América do Norte registará um ligeiro abrandamento, antecipa o documento.
O domínio da China
O estudo considera que a China será o mercado que terá um maior crescimento no sector da moda. O papel do país no comércio mundial está a evoluir, e devido à sua dimensão, e qualquer mudança tem um efeito dominó em todo o mundo.
O país ambiciona atingir elevados valores de produção e, para isso, está a melhorar e a modernizar as suas condições fabris, aumentando também os salários comparativamente aos restantes mercados emergentes. Simultaneamente, havendo cada vez mais população na classe média, cresce também o poder de compra no país. A China está agora a usar as suas capacidades produtivas para servir a crescente procura interna.
«A indústria do vestuário está prestes a ser remodelada uma vez mais e, desta vez, a mudança rege-se pelo poder dos novos consumidores. À medida que milhões de pessoas passam a fazer parte da classe média nos países em desenvolvimento, particularmente na China, estão a flexibilizar o seu recém-descoberto poder de compra e a expressar os seus gostos através da moda. A China já não é a fábrica do mundo. É o mercado consumidor que cresce mais rapidamente, responsável por mais de 18% dos produtos consumidos globalmente», revela o relatório.
O crescimento dos mais fortes
A lista de líderes no mundo da moda inclui a Inditex, a LVMH e a Nike Inc, que mais do que duplicaram o seu lucro ao longo dos últimos 10 anos. De acordo com o relatório, cada uma auferiu de lucros superiores a 2 mil milhões de dólares em 2017 (cerca de 1,7 mil milhões de euros). No entanto, ao longo do ano, as department stores dos EUA perderam atratividade e nenhuma permaneceu no top 20. Acrescente-se que nenhum retalhista online conseguiu chegara ao top 20.
Grandes mudanças no horizonte
Na moda, 2019 será um ano de despertares. Os que forem bem-sucedidos terão que aceitar que, no novo paradigma que se está a assomar, algumas antigas regras simplesmente não se aplicam. As marcas e os retalhistas terão que ser ágeis, priorizar o digital e chegar ao consumidor mais rapidamente. Terão ainda que dar importância a questões sociais, à transparência e à sustentabilidade.
Cerca de 42% dos inquiridos do relatório – que entrevistou cerca de 300 líderes empresariais da indústria da moda – esperam que as condições se tornem piores em 2019. Lidar com a volatilidade, a incerteza e as mudanças de uma economia global são vistos como os maiores desafios, pelo terceiro ano consecutivo. Os temores em relação à intensificação da guerra comercial à medida que a China e os EUA reagem às tarifas recíprocas, a incerteza dos resultados práticos do Brexit, ou a sensação de que o crescimento dos últimos 10 anos poderá chegar ao fim são os fatores que alimentam o pessimismo.
«Olhando para os segmentos, apenas o do luxo terá uma performance muito boa em 2019, crescendo entre 5% a 6% ou entre 4,5% a 5%», afirma Achim Berg, sócio e especialista da indústria da moda e do luxo na McKinsey. «O valor será motivado pelas marcas que têm propostas muito fortes, superando as que estão focadas na classe média. Por outro lado, o segmento do luxo será impulsionado pela região Ásia-Pacífico e pelos bons resultados contínuos em viagens», revela.
Segundo o relatório, em 2019, deverá ter-se em atenção 10 tendências:
- Cuidado com o futuro
As descidas nos indicadores económicos mais importantes e outras forças potencialmente desestabilizadoras vão conspirar para criar uma atmosfera mais prudente.
- A ascensão indiana
A Índia vai tornar-se um foco importante da indústria da moda, à medida que os consumidores da classe média aumentam e o sector produtivo se fortalece.
- Comércio 2.0
Todas as empesas vão precisar de preparar planos de contingência para enfrentar uma possível agitação nas cadeias de valor globais.
- O fim da posse
O tempo de vida dos produtos de moda está a tornar-se mais elástico, à medida que modelos de negócio em segunda mão, de remodelação, de reparação e de aluguer continuam a evoluir.
- Acordar para o mundo
A paixão das gerações mais jovens por causas sociais e ambientais chegou às grandes massas, obrigando as marcas a tornarem-se mais ligadas a esses propósitos para atrair consumidores e talentos.
- Agora ou nunca
Na jornada do consumidor, o espaço entre a descoberta de um produto e a compra tem-se tornado um ponto essencial para um consumidor impaciente que procura comprar exatamente os produtos que descobre, imediatamente.
- Transparência radical
Depois de anos onde os dados pessoais dos cidadãos foram utilizados por marcas e empresas, um consumidor mais cético espera agora que as empresas retribuam com uma política de transparência e de partilha de informação.
- A perturbação do eu
As marcas tradicionais estão a começar a romper os seus próprios modelos de negócio, a imagem e a oferta, de forma a responder a uma nova geração de pequenas marcas emergentes que estão a crescer devido à menor lealdade para com as tradicionais gigantes e um apetite constante por novidades.
- Agarrar o digital
À medida que a corrida para ser a plataforma favorita dos clientes e dos consumidores se intensifica, os atores de comércio eletrónico vão continuar a inovar, somando serviços de valor acrescentado.
- Por encomenda
A automação e análise de dados vão permitir que uma nova geração de startups conquiste uma produção rápida, feita à medida.